E nessa embriaguez existencial normatizamos violações que, acostumadas a questionarmos na lucidez do dia-a-dia, acabamos postergando indagações de atos machistas, sexistas, racistas, misóginos, xenofóbicos, gordofóbicos, homofóbicos e no meu caso, transfóbicos. Um rapaz ridicularizou meu existir. Eu sou acostumada ouvir, mas me desacostumei a ficar calada. Logicamente eu estava sendo a perturbadora do momento, ainda que o rapaz transfóbico tenha sido o perturbador da minha existência. O momento é de todos, a existência é só minha. As pessoas estavam prestes a linchar o rapaz. É outra forma de violência estrutural. O que desejamos matar: o pecado ou o pecador?
Carta aberta a Michel Teló
LEDA junho de Madame me chama. A voz firme preenche toda a domicílio, fura ouvidos. Paro o que estou fazendo e sigo pro combate. Sim, senhora, respondo, ainda no meio do caminho. Por que demora tanto? Estou aqui, senhora.
